Ano passado, andando por Copacabana, vi em uma banca de jornais a revista “Time” que tinha como título “The Science of Optimism” (“A Ciência do Otimismo”). Aí eu nem precisei ler o subtítulo, imediatamente comprei-a. No entanto, deixei-a de lado para lê-la num momento “mais propício”. Até que outro dia, caçando boas leituras, reencontrei a “Time” e dessa vez não só li a matéria principal como não parei mais de pesquisar sobre o assunto. Achei, inclusive, uma sensacional reportagem publicada pela “Isto É- Independente” em janeiro deste ano com o mesmo título da revista americana, mas com conteúdo diversificado e fiquei ainda mais absorvida com as revelações. O otimismo passou a ser um dos meus interesses primordiais neste março de 2012.
Eu já sabia que ser otimista ajudava a saúde, mesmo em caso de pacientes com doenças graves. Bastava o indivíduo acreditar plenamente no médico, nos remédios e na própria recuperação que o seu quadro clínico melhorava de forma considerável, podendo até chegar à cura. Mas, se a crença otimista contribui para o efeito positivo na saúde, o quanto ser otimista afeta os relacionamentos pessoais, a política ou a economia? Pelo que constatei, os especialistas sugerem que o otimismo ajuda em tudo. Tudo mesmo? Vamos ver.
O artigo da “Time”, escrito pela neurocientista da Grã-Bretanha Tali Sharot, afirma que, em pesquisas recentes, verificaram que pacientes otimistas com doenças no coração eram mais inclinados a tomar vitaminas, a fazer dietas com baixas calorias e exercícios físicos do que os pessimistas; por conseguinte, o primeiro grupo conseguia reduzir, em geral, os seus riscos coronários. Ainda falando de saúde, o artigo da revista “Isto É”, de Rachel Costa, menciona que pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) chegaram à conclusão de que quanto maior for o índice de otimismo do indivíduo menor é a sua probabilidade de ter um infarto. Pelo visto, os cientistas comprovaram que o otimismo é um excelente remédio para o coração. Em outro estudo realizado também nos Estados Unidos, viram que o otimismo também fortifica o sistema imunológico. É um incentivo e tanto para quem deseja cuidar bem de sua saúde.
Como manter-me saudável é uma das metas da minha vida, as informações foram mais do que proveitosas. Restava-me saber sobre o benefício do otimismo em outros aspectos da vida em nível individual e social e nisso as reportagens foram muito enriquecedoras. Ambas mostraram, por exemplo, como os americanos são otimistas em relação a si próprios e como isto os afeta positivamente. Um exemplo claro foi o mencionado pela “Isto É” em relação à economia, pois pesquisadores da Universidade de Miami afirmaram que o otimismo coletivo influenciava diretamente na prosperidade econômica. Cruzaram índices de recuperação da economia nos EUA e constataram que quando o povo estava mais otimista, a recuperação também era mais rápida. Incrível! Por essa, eu não esperava…
Então, pode ser que você, leitor(a), já esteja a se perguntar: e o nível de otimismo dos brasileiros, como seria? A reportagem nacional satisfaz em cheio a essa curiosidade. Se o assunto é o ano corrente, 74% acreditam que 2012 será melhor que 2011 e quanto à economia, 60% dos entrevistados creem que ela vai melhorar ainda mais… Bate com os anseios governamentais… Então eu é que fiquei ponderando: afinal, será que a crença positiva pode mudar a realidade para melhor? Ao ler o artigo da “Isto É”, não parei de me surpreender.
Havia exemplos de pessoas otimistas que foram bem-sucedidas em tratamentos médicos, relacionamentos amorosos e até em criação de sites de política. Entretanto, o fato mais marcante de todos para mim foi o de Flávio Deslandes, que em 1995 idealizou a criação de uma bicicleta de bambu. Certos professores dele taxaram o projeto de “loucura”, tanto por causa do bambu como da própria bicicleta. Pois o bambu seria uma madeira de “segunda linha” e a bicicleta seria um meio de transporte “sem glamour”, em outras palavras, pensavam, em sentido pejorativo, que tudo isso era “coisa de pobre”. Ou seja, um projeto centrado em um veículo destinado à população de baixa renda e sem ser feito por material “chic” só poderia estar destinado ao fracasso. Flávio, porém, acreditou e investiu na sua ideia a despeito de todos. Conseguiu lançar em 2000 a tal bicicleta… na Dinamarca. E foi um sucesso. Foram necessários cinco anos para o lançamento, mas a perseverança de Flávio foi um fator determinante para atingir seu objetivo. Inclusive, sua invenção ganhou vários prêmios de design, além de ganhar projeção internacional como modelo ecológico. Fiquei feliz com o sucesso desse nosso compatriota que passou a residir na Dinamarca. Mas, se ele não fosse um otimista, não teria vencido.
Após as duas leituras, refleti bastante sobre a importância do otimismo e como atingi-lo. Convenci-me de que, quanto maior for o grau desta característica em uma pessoa ou população, maior é a probabilidade de atingir sua meta. O otimismo não é um privilégio de uma minoria. Na “Isto É’, fala-se que 80% das pessoas possuem uma inclinação natural a ser otimistas e que os 20% restantes têm como desenvolver este potencial, como acreditam os seguidores da psicologia positiva.
Portanto, há esperança e perspectivas otimistas até para quem é pessimista. O importante é procurar desenvolver outra linha de pensamento onde as situações adversas sejam vistas como temporárias e identificar o pensamento negativo para depois modificá-lo, acreditando numa projeção mais favorável. Segundo o criador da psicologia positiva, o norte-americano Martin Seligman, em entrevista à revista Época em 22/05/2011, “o traço mais importante da personalidade é o otimismo.” E ele mesmo explica o porquê: “Os otimistas são mais esperançosos, resilientes, saudáveis e têm um desempenho melhor do que o esperado no trabalho, na escola e nas relações.” Pela experiência prática, também pude observar que colegas que eram otimistas em relação aos seus projetos e os que tinham muita fé em Deus conseguiam atingir as suas metas mesmo que tivessem que enfrentar várias dificuldades. Eu com o tempo passei a ter mais em fé em Deus, e acredito que isto desencadeou uma série de realizações em minha vida. E assim, acreditando na força divina para me impulsionar nas minhas capacidades, passei também a ser mais otimista em relação a mim mesma. Agora diante de mais estas evidências científicas, ainda endossadas pelas palavras de Martin Seligman, eu estou convencida de que é preciso estimular e colocar em prática o lado otimista do meu ser cada vez mais. É exatamente o que eu vou fazer. E você?
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