Há um lado em mim que busca incessantemente por boas novidades, enquanto há um outro que nunca se esquece do que ou de quem foi importante em minha vida. E, há pouco tempo, perguntei-me: por que não reunir os dois lados em uma experiência só? Foi o que eu fiz em minha visita ao Colégio Pedro II para assistir a uma aula de Informática Educativa com a Professora Simone da Costa Lima, minha colega da Faculdade de Letras da UFRJ, que eu tive o grande prazer de rever após vinte anos! A alegria de poder reencontrar uma querida amiga e, pela primeira vez, vê-la atuar como professora de uma matéria típica do século XXI foi muito grande. Muito mesmo. E é claro, aprendi bastante também. A aula e a experiência proporcionaram-me uma nova visão da educação nos tempos modernos.
Redescobri a Simone através da Valéria, uma amiga em comum, que tinha visto o seu currículo na Internet e, imediatamente, fui conferir também. Para minha surpresa, a Simone, já com um Mestrado em Linguística Aplicada, e cursando Doutorado (que maravilha!) estava ensinando uma matéria que eu, até então, desconhecia: a Informática Educativa. Curiosa como sou, procurei entrar em contato através do próprio site e deixei meu e-mail. Depois, tratei de encontrar a Simone no Facebook. Meio mais moderno de achar amigos é impossível… Trocamos e-mails e, por fim, consegui falar com ela pelo “velho” telefone e marcamos um encontro no colégio onde ela leciona. A partir daí, minha nova aventura se iniciou. Descobri que o propósito da informática educativa é fazer com que os alunos aprendam a utilizar os recursos do computador e da Internet de forma criativa para adquirir conhecimento de qualquer matéria. No caso, a aula a que fui assistir tinha o enfoque em História, para minha sorte, pois é uma das minhas matérias prediletas.
Foi emocionante ver a Simone de novo e assisti a sua aula anotando e fotografando tudo o que era relevante. O laboratório de informática era amplo, com um computador para cada aluno, e com projeções de tela realizadas na parede do fundo de modo que todos pudessem visualizar a matéria passo a passo. Nas aulas anteriores, os alunos tinham sido instruídos a criar, em duplas, uma história em quadrinhos com o conteúdo já visto nas aulas sobre História Antiga, que poderia versar sobre os seguintes tópicos: a sociedade paleolítica, a revolução neolítica ou agrícola, a idade dos metais, o povoamento da América, a Mesopotâmia ou a civilização egípcia. O ambiente da historinha, assim como a seleção dos personagens escolhidos, ficava por conta da criatividade dos alunos dentro dos recursos disponíveis de um programa específico instalado no computador. Depois, o próximo passo era elaborar um jogo de palavras cruzadas com referência ao conteúdo dos quadrinhos, sendo que o jogo deveria conter, no mínimo, seis lacunas. Cada dupla planejaria dicas que conduziriam às respostas das cruzadas para, posteriormente, serem resolvidas pelos demais colegas de turma. E pensar que tudo isso era produzido por alunos do 6º ano! Inovação pouca é bobagem!
Vi que muitas crianças elaboraram histórias ótimas com personagens que ilustravam muito bem o período histórico escolhido. Uma dupla, por exemplo, imaginou meninas passeando entre as pirâmides do Egito, acompanhadas de uma professora atenciosa que viajou com elas para ensinar-lhes História no lugar onde os fatos da antiguidade realmente ocorreram. Já outra dupla escolheu o cenário de uma sala de aula com a professora falando dos povos da Mesopotâmia, e os alunos, atentos às suas observações, participavam ativamente da aula. Vemos que na turma de Simone, as professoras estão em alta… Em outra história, um grupo de meninas se encontrava na África e, de repente, achou um antigo crânio. Elas, então, começaram a conversar sobre o modo de vida de nossos antepassados e as teorias sobre o surgimento da raça humana, com direito a um final engraçadíssimo. Não faltaram também lances de grande imaginação como o da dupla que montou os quadrinhos com a turma da Mônica, os célebres personagens de Maurício Souza, visitando o Egito e contando de forma bem-humorada sobre a importância das pirâmides, das múmias e dos faraós. Um show de criatividade!
Depois que todos os trabalhos estivessem terminados, os alunos teriam que passar as histórias e as cruzadas para a Simone corrigir os erros de português e informática. E, só após a primeira correção, os exercícios seriam repassados à Professora de História. E deste modo, ambas teriam como fazer uma avaliação dos alunos em suas respectivas matérias. A ideia de ensinar com tanta interatividade é um desafio e uma satisfação para qualquer docente.
Lembrei-me que, se em “Uma Professora Muito Maluquinha”, de Ziraldo, os recursos inovadores empregados para se ensinar sobre o Egito Antigo na década de 40 do século XX eram o cinema, uma peça encenada pelos alunos e a pesquisa em enciclopédias, os recursos agora são os computadores com os seus programas de software e a Internet, além do conhecido livro didático. Os tempos mudam, os instrumentos de ensino também. Mas, quando há professores interessados e alunos motivados, o resultado é aquele desejado em todos os tempos: a construção do saber. E foi isso o que eu vi na aula da Profª Simone. Contéudo aliado à criatividade. Saí de lá realmente feliz com tudo o que presenciei, pois eu nunca imaginara assistir a uma aula assim. O Colégio Pedro II está mesmo de parabéns por sempre ter primado pela alta qualidade na educação pública no Brasil desde os tempos do império.
Falei com alguns alunos, conheci a Professora de História, e conversei muito com a Simone, tão à vontade como na época em que batíamos papo quase todos os dias. Foi, sem dúvida, um dia memorável. E depois dessa aula de Informática Educativa, eu só poderia fazer uma justa homenagem usando os recursos tecnológicos. Portanto, alguns momentos foram registrados através da minha câmera digital e desta crônica que não poderia ter melhor destino do que ir parar nas páginas de um blog! Uma crônica que compartilha em rede a minha homenagem à amizade duradoura, à informática educativa e à educação criativa. Porém, meu desejo, em especial, é homenagear todos alunos e professores dedicados, conectados a cada dia e que têm o privilégio de protagonizar estas novas e inspiradoras aulas da modernidade…
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