Montagem com imagem do Papa Francisco acenando e da imagem com a multidão presente à Jornada Mundial da Juventude

JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE: COMPARTILHANDO A ALEGRIA

A Jornada Mundial da Juventude começou muito animada e a cidade do Rio se empolgou além do seu calendário oficial de uma semana (22 a 28/07/13) em que recepcionaria o Papa Francisco. Na verdade, toda a época que envolveu as festividades deixou uma feliz marca na população que participou do evento e posso dizer até em quem não participou também. O Rio passava por um período de contrastes: temperatura baixa e alta emoção, confusão nos transportes e organização entre os peregrinos, nuvens escuras e bandeiras multicoloridas, turbulência nas manifestações de rua e paz reinante nas celebrações da JMJ. Com tantas situações e emoções contraditórias, felizmente eu estava aqui para participar um pouco de tudo isso. E, óbvio, estou louca para comentar…

No dia da visita do nosso Sumo Pontífice ao Centro da cidade, fiz uma mini-peregrinação da Av. Nilo Peçanha até a Central do Brasil, prevendo que as estações do metrô estariam todas lotadas. Fui a pé contente, mesmo de salto alto, e admirando os peregrinos pelas ruas. Mas, foi um bom pedaço de chão. No dia seguinte, na terça-feira, seria celebrada a Missa de Abertura com o Arcebispo do Rio Dom Orani Tempesta na Praia de Copacabana e aí o caos começou. Quando os jovens se dirigiam às estações para ir ao evento, assim como os trabalhadores que voltavam para casa, por volta das 17h, a energia elétrica do metrô acabou. Houve uma pane e fecharam todas as estações por duas horas. É mole? Eu jamais vira isso acontecer antes. Teria havido sabotagem? Só sei que tive que fazer uma nova caminhada de salto alto, desta vez forçada, do Largo da Carioca até a Central para pegar meu trem. Ai, meus pés! Sei que os coitados dos peregrinos ainda tiveram dificuldade para voltar da praia, por falta de ônibus… Lamentável. Enquanto isso, o noticiário mostrava também cenas em que vândalos tumultuavam as manifestações políticas na cidade, que começavam sempre pacíficas para depois, por conta deles, acabar em quebra-quebra. Ainda sim, os participantes da JMJ pareciam mais do que entusiasmados. E na Festa da 5ª feira, haveria a presença do Papa Francisco! Ah, essa eu não poderia perder…

Perdi. Devido à forte chuva, por vezes torrencial, não consegui ir, mas, nem por isso, deixei de assistir à belíssima Festa de Acolhida em casa pela TV. Nem pisquei o olho. E houve cerca de 1 milhão de pessoas na praia! Uma acolhida, de fato, maravilhosa! No dia seguinte, quando acordei que vi o sol, não tive dúvidas, vesti-me, coloquei uma camisa da JMJ e peguei a mala. A seguir, já de bandeira brasileira na mão, fui logo com meu irmão, Marcelo, para a casa de uma amiga em Copacabana. E lá se foram os peregrinos do subúrbio carioca passar a sexta-feira, sábado e domingo em meio a milhões de outros peregrinos dos mais variados países e localidades… Melhor companhia, impossível. Os jovens, junto a pessoas de meia-idade (como eu) e até idosos divertiam-se a valer com os shows de música católica ocorrendo na Praia do Leme, que podiam ser acompanhados através dos inúmeros telões espalhados ao longo da orla. Todos, independente da nacionalidade, se saudavam, conversavam, posavam para fotos (o Facebook e os fotologs devem estar repletos), cantavam e compartilhavam espaços e experiências. Tudo sempre em clima festivo e solidário.

Na hora que o papamóvel passava, pessoas aglomeradas junto à pista com câmeras, filmadoras, tablets e bandeiras se alvoroçavam e muitas gritavam “É o Papa Francisco!”, jogavam lembrancinhas para ele, entregavam-lhe crianças para serem abençoadas e ninguém queria perder um só lance. Que manifestações calorosas! E assim, tive a Graça de, ao longo da Jornada, ver o Papa quatro vezes! E ainda de quebra, Marcelo conseguiu filmá-lo! Mesmo que por alguns segundos… O clima de alegria era total, porém, no momento das cerimônias, havia atenção absoluta voltada para o nosso Pontífice. Tudo na mais santa paz e ordem. Eu e meu irmão fotografamos muito e nos confraternizamos com os visitantes também. Conhecemos gente de diversos lugares: Rio, São Paulo, Argentina, Mônaco e até ilhas da Oceania. Aliás, ávida por falar inglês, resolvi aproximar-me de um grupo de australianos, que foram supersimpáticos comigo e disseram que estavam curtindo imensamente o Rio de Janeiro. Conheci um padre recém-ordenado, o Padre Daniel, um casal de jovens, a Melissa e o Mark, e mais a senhora Elizabeth que não largava seu grande canguru de plástico. Aproveitei para conversar bastante com eles. Soube que um bom número daqueles peregrinos era integrante de escolas católicas em Sydney, descobri que cerca de 25% da população da Austrália é católica e ainda assisti a um pouco de rugby de praia! Além disso, tirei várias fotos, é claro, para a minha coleção.

E no dia da Missa, a cena – que foi amplamente divulgada pela mídia – de toda a orla de Copacabana tomada pelos três milhões e meio de participantes foi mais do que encantadora. Impactante. Inebriante. Inesquecível. Escolham o melhor adjetivo. Nunca se viu antes um evento como esse no Brasil de tamanha proporção. Nas tomadas aéreas da espetacular vista da Princesinha do Mar, viam-se o Pão de Açúcar junto à praia banhada por dois mares: um formado pelas águas do mar e o outro pelas pessoas em torno de um só objetivo: partilhar a fé cristã. E que cena aquela em que os milhões de peregrinos participaram em conjunto da coreografia do que chamaram o “maior flash mob do mundo!” Tudo ao som desses versos: “Vem, abre os braços como o Redentor/Tua benção, Francisco nos traz/Mais um raio de luz, de esperança, de amor e de paz…” Como não se comover?

Até os moradores de Copacabana, acostumados a eventos grandes como shows, Carnaval e Réveillon, ficaram impressionados com o bom-comportamento dos peregrinos. Eu, por exemplo, por onde andei, não vi nenhum jovem alcoolizado, drogado, ou mesmo irritado, brigando ou causando nenhuma desordem. O Corpo de Bombeiros constatou que o consumo de álcool praticamente inexistiu. A Comlurb, por sua vez, divulgou que até o lixo produzido de terça-feira a domingo em Copacabana foi 9% a menos do que o coletado apenas na noite de Réveillon com pouco mais de um milhão de pessoas. O prefeito afirmou que os peregrinos em geral não sujaram a cidade e até presenciou cenas em que eles juntavam o próprio lixo. E nem o tempinho frio ou as dificuldades como pouca condução, escassez de banheiros químicos e muitos furtos desanimaram a galera católica que deu mesmo um show à parte.

Quando Dom Orani disse, no domingo, que aquela não era uma missa de despedida, mas sim de envio e que, ao saírem dali, todos deveriam continuar com o trabalho de evangelização como discípulos de Cristo, foi o que senti. A missão teria que continuar. O Papa Francisco chegou ao Brasil proferindo essas palavras: “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo.” E assim o fez. Trouxe Jesus ao povo. Suas palavras tocaram muito os que tiveram a oportunidade de ouvi-lo. E eu não fui exceção. A partir do slogan da JMJ 2013, tirado do Evangelho de São Mateus, “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”, conscientizei-me que também fui chamada a participar. E a primeira pessoa a quem tenho que evangelizar sou eu. Até para depois pensar em evangelizar outras. No dia 28 de julho, a Jornada Mundial da Juventude chegou ao fim, mas não para mim ou para quem dela participou. Agora, é hora de compartilhar  a alegria de toda essa experiência e frutificar nas nossas próprias jornadas. Sem dúvida, o evento acabou; a Jornada continua…


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