O mês de maio é tradicionalmente o mês das mães e, para os católicos, também é o mês de Maria. Portanto, este é um mês de grandes comemorações, em especial, porque celebra algo tão profundo como o dom da maternidade. Mas, sabemos bem que, para exercer esse dom as mulheres sempre passaram e ainda passam por muitas dificuldades mundo afora por causa da falta de estrutura, seja na área familiar, financeira, educacional, sanitária, entre outras. Aliás, isso acontece na grande maioria dos países do mundo e por isso decidi pesquisar sobre aqueles que oferecem as melhores condições para ser mãe. E em todas as estatísticas que li, deparei-me com o nome da Finlândia, que foi o país que ficou em 1º lugar em 2013 no ranking para a maternidade segundo a ONG “Save The Children”. As estatísticas de 2014, ainda não encontrei… Mas para os meus propósitos, os dados do ano passado servem até demais. Sempre tive curiosidade sobre a Finlândia e esta foi uma oportunidade singular de descobrir o quanto esta nação escandinava é realmente fantástica e oferece condições mais do que estimulantes para a formação de uma família. E então, o que é que a Finlândia tem?
Para começar, este país de apenas 5,4 milhões de habitantes é extremamente organizado. O Estado cobra altos impostos da população, porém procura dar em retorno um sistema social o mais igualitário possível e de alta qualidade como pode ser constatado nas áreas de educação, saúde, previdência social, auxílio-maternidade, direitos trabalhistas, apenas para citar algumas. O sistema educacional, por exemplo, que já foi fraco, passou por uma transformação nos últimos 40 anos como forma de alavancar o país economicamente. E deu certo… Nos anos 2000, a Finlândia já liderava o ranking de jovens de 15 anos tirando os primeiros lugares em leitura, matemática e ciências. Para atingir esses índices, o país procurou estabelecer metas nacionais para as escolas e, deste modo, 95% dos alunos finlandeses concluem o ensino secundário, sendo que 66% prosseguem com a formação universitária; um dos níveis mais altos do mundo. Se as excelentes escolas já dão um conforto para a cabeça das mães, que não se preocupam se as crianças estão sendo bem-orientadas, como seria a expectativa com o futuro finlandês já na gestação? Vejamos a seguir.
A mãe tem direito a tirar 105 dias de licença-maternidade, e há também uma licença parental e outra de paternidade, com diferenças de duração, mas que dá a oportunidade para que tanto o pai como a mãe participem mais ativamente da educação do recém-nascido, sem ter seus empregos ameaçados. O país ainda oferece creches públicas muito bem-planejadas assim como as pré-escolas. Pois, uma professora de jardim de infância necessariamente deve ter uma sólida formação universitária. As crianças com menos de 7 anos estão, portanto, muito bem amparadas… E nas escolas finlandesas elas ainda podem contar com alimentação, serviço médico, atendimento psicológico e – pasmem – até táxi à disposição, porém este último, apenas para casos de uma emergência. E, um dos itens que mais chamou a atenção entre os benefícios que o Estado dá para toda mãe finlandesa foi o “kit-maternidade”. Este kit, que vem dentro de uma caixa de papelão é de fazer saltar os olhos, pois consiste num enxoval completo para o bebê. Na caixa encontramos roupinhas, fraldas de pano (bem ecológicas), lençóis, um livro de histórias, chocalho, termômetro e muito mais… A ideia, inclusive, é que a própria caixa passe a ser o 1º berço do finlandesinho, pois o kit vem com um pequeno colchão para o maior conforto do neném. Isto é um incentivo para que todos os finlandeses vivam em condições iguais desde o nascimento e com tudo a que têm direito… É claro que os pais podem simplesmente usar a caixa para guardar os mantimentos. O Estado provê; o casal decide.
E como se não fosse pouco, a Finlândia é um país industrializado, integrante da União Europeia, com expectativa de vida em torno de 80 anos, onde a pobreza extrema inexiste. Pelo menos é o que dizem os dados oficiais. O país da Nokia, apesar da taxa de desemprego de 8%, em termos de qualidade de vida, vai muito bem obrigado e merece muitos elogios das mães finlandesas. Parece-me que o cenário é mais do que propício para qualquer mulher se animar a ter filhos. Mas, espantou-me um pouco saber que a taxa de natalidade é de apenas 1,83%, menos do que é necessário para repor a população. E aí é que admiro e parabenizo mais ainda as mulheres que em condições bem adversas em países como o nosso lutam para criar seus filhos. E quanto amor é preciso para isso.
Não é preciso enumerar todas as dificuldades que as mulheres têm de enfrentar no Brasil e na maior parte do mundo para formar uma família, sobretudo as mais pobres. Ainda assim, fico feliz ao mesmo tempo em ver tantas mulheres que vão à luta. Elas querem estudar, trabalhar, ter filhos e viver com intensidade todas essas situações, não importando as adversidades. São, de fato, guerreiras do cotidiano, que apesar da falta de tempo, sempre encontram espaço para os momentos de cuidado e ternura com os filhos. É aquele amor de mãe tão profundo, vital e prazeroso que enchem seus filhotes de alegria. É a essas mulheres que aproveito para expressar todo o carinho e admiração.
Aproveito também para mencionar a minha mãe, a quem sempre admirei, por sua coragem e determinação, entre outras virtudes. Uma mulher que decidiu estudar contabilidade no Nordeste dos anos 1950; época em que era um estudo tradicionalmente escolhido por homens. Ela causou surpresa em seu tempo e ainda mais quando veio para o Rio de Janeiro, solteira – o que era ainda mais incomum – para vir a tornar-se a primeira mulher a trabalhar numa determinada empresa de engenharia. Depois, por opção, tornou-se esposa e mãe mais do que dedicada à família. E assim ela tem sido até hoje. A trajetória da minha mãe, embora modesta, é inspiradora para mim. Viva a minha mãe! E há tantos outros exemplos que eu não teria tempo nem espaço suficiente neste texto para citar. Deste modo, eu parabenizo a todas as mães lutadoras que procuram sobreviver como na canção de Milton Nascimento “Maria, Maria”: “Mas é preciso ter manha/é preciso ter graça/é preciso ter sonho sempre…” Eu, idealista como sempre fui, como gostaria de ver todas as mães com as benesses das mulheres finlandesas. Portanto, afirmo em alto e bom som: todas as boas mães merecem a Finlândia! Neste mês de maio e em todos os meses, desejo de coração a todas as mães dedicadas e amorosas uma verdadeira Finlândia de realizações!
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