O mês de junho geralmente traz-me ótimas expectativas. E agora não há de ser diferente… De quatro em quatro anos, em anos pares como 2006, 2010, 2014, espero junho para ver o Brasil em clima de Copa de Mundo com os torcedores começando a viver todas as emoções que a competição proporciona. Mesmo sem acompanhar o futebol como eu fazia antigamente, confesso que me animo bastante e fico ligada em tudo. Compro revistas, camisas, adereços em verde-amarelo e assisto ao máximo de jogos que eu puder. E os junhos dos anos comuns? Ah, logo me trazem à mente a lembrança das festas juninas e da inevitável alegria que as acompanham, após a bela solenidade de Corpus Christi, além de haver o Dia dos Namorados. Independente do ano, junho é sempre mês de comemoração!
Começando com Corpus Christi, lembro-me que, com essa data, tenho mais uma vez a alegria de celebrar a festa da Eucaristia sem contar que é uma boa oportunidade para admirar os lindos tapetes com temas sacros feitos pelos fiéis. Muitos passam a noite nas ruas confeccionando os tapetes, na maioria das vezes, com serragem colorida para mais tarde ter a satisfação de assistir à missa, à adoração ao Santíssimo Sacramento e sair em procissão passando junto a suas obras. Nessa época, sempre revelam-se artistas anônimos que dão um toque de arte especial a um evento que por si só expressa beleza e profundidade. Assim, a solenidade deixa em todos a emoção gratificante da experiência que une fé, atividade e contemplação.
Já que falei de alegria, passo agora para outro tipo de festividade: as tradicionais festas juninas. Fico a imaginar as crianças e jovens com trajes caipiras circulando pelas barraquinhas enfeitadas com bandeiras de diversas cores, algumas com jogos como pescaria, arremesso às latinhas ou bingo e outras lotadas de doces e salgados. Aí, segue-se um desfile de atrações para o prazer de qualquer paladar: cocada, canjica, quindim, manjar, pé de moleque, cuscuz de coco, doce de leite, bolo de chocolate, cachorro quente, torta de sardinha, pastel de carne ou de queijo, pizza calabresa, entre outros. Vou agora revelar o meu petisco predileto: o salsichão, simplesmente imperdível. Diante desse mundo de cores e sabores, perco-me nos dilemas anuais: “O que provar desta vez?”, “Vale a pena correr o risco de aumentar algum quilo?” E vêm-me à memória os versos de Cecília Meireles: “Mas não consegui entender ainda/ qual é melhor: se isto ou aquilo.” E assim, o dilema vem e não se vai…! Uma coisa é certa, provo as iguarias primeiro, tomo as medidas necessárias quanto à balança depois… Agora que peguei o costume, vou às festas todos os anos e não dispenso de assistir às danças de quadrilha, casamentos na roça e ouvir forró pé de serra. Na minha igreja, essas noites são sempre animadas e disputam-se mesas e cadeiras devido ao grande número de participantes. E muitos nem se importam de ficar em pé. Sem dúvida, as festas juninas foram uma excelente contribuição que os colonizadores portugueses deram ao nosso país. Parece até que o costume de se celebrar Santo Antônio, São João e São Pedro em um animado arraial surgiu por aqui. Não é à toa que a festa de Campina Grande/PB, por exemplo, é chamada de “o maior São João do mundo”, dura o mês todo, atrai turistas de tudo quanto é parte e movimenta bastante a economia da região. Aliás, no Brasil, felizmente festa é que nem semente, o povo a planta, a terra se encanta e tudo dá…
Só lamento que, com a diminuição estatística do número de católicos em nosso território (64,6% pelo censo 2010 do IBGE), vemos que a força da festa junina já diminuiu em certas regiões. Há fiéis de várias religiões que não participam das festividades por serem dedicadas aos três santos católicos. Mas, como a cultura resiste, há sempre quem traga alguma ideia conciliadora. Conheci há uns anos uma Igreja Evangélica cujo pastor resolveu a questão usando, digamos, uma variante do “jeitinho brasileiro” e decidiu promover uma “Festa Jesuína”, com características semelhantes a da convencional… Ótima saída: assim, manteve-se a fé e a tradição.
Penso também que junho é um mês romântico. Para quem está bem-acompanhado é o mês de se celebrar romances, compartilhar histórias, escolher belos cenários e ouvir canções inesquecíveis para passar o Dia dos Namorados. E por falar em música, outro dia eu ouvi “I Remember Yesterday” da saudosa Donna Summer, também conhecida como a “Rainha da Disco Music” e fiquei impressionada com a letra. A protagonista tecia lembranças sobre a noite em que conheceu o seu par ideal: “I remember that first night we met (lembro-me daquela primeira noite em que nos conhecemos)/ dancing to the sound of clarinets (dançando ao som dos clarinetes)/ dancing cheek to cheek (dançando de rosto colado)/ oh, how sweet (oh, que doçura)/ you and me.. (você e eu…)” E ao longo da canção, a noite é marcada por champagne, jantar à luz de velas, música até o raiar do dia e os dois ficando sozinhos no salão… E no final, o encontro se encerra com o gentleman deixando a moça na porta de casa entre juras de amor. Fiquei a imaginar no tempo em que era possível um casal se conhecer ao som de clarinetes em noite regada à champagne e tudo mais num clima tão romântico… E pensar que a música com esse enredo estourou nas paradas do mundo inteiro em 1977, ou seja, já nos agitados anos 70! Confesso que fiquei dias em estado de nostalgia… Aquela época definitivamente era outra e agora me pergunto: “Como, em 2015, um filme que enfoca um romance com práticas sado-masoquistas como “Cinquenta Tons de Cinza” pode ter tido lançamento oficial no fim de semana do Valentine’s Day?” Pois, nesta data comemora-se o Dia dos Namorados nos Estados Unidos e em muitos outros países. Como no Brasil o grande dia é o 12 de junho, acredito que aqui o ensejo ganhe outros tons… Até porque, independente do lugar do mundo, sempre haverá quem celebre o Amor com todo sentimento e no mais alto estilo.
Junho, portanto, é um mês temperado com diversos ingredientes: solenidade, festa, romance e alegria. Fico agora a pensar na rica oportunidade que cada ano nos proporciona para podermos renovar todas as nossas experiências e emoções. Sendo assim, convido os leitores a viver junho com muita intensidade. Não importando o momento que se celebre, o mais significante é poder desfrutar a escolha do cardápio, a beleza do calendário, o sentido de cada evento e procurar sempre estar acompanhado de uma dose indispensável e irresistível de inspiração…
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