imagem de elcis presley cantando com colar havaiano rosa

RELEMBRANDO ELVIS PRESLEY

Todos os que me conhecem já sabem que eu sou apreciadora de música antiga e que, inclusive, muitas canções de que mais gosto datam de época anterior ao meu nascimento. No plano internacional sempre ouvi pop, rock’n’roll, jazz, country, disco music e por aí vai… Embora eu prestigie a obra de diversos artistas que despontaram no século XX, há um em específico que me influenciou de forma profunda e inesperada, pois através de sua carreira musical eu vim a conhecer várias pessoas que, de certa forma, contribuíram para tornar minha vida muito mais alegre. Qual artista? Ninguém menos que Elvis Presley.

Quando Elvis faleceu, eu era ainda bem criança e o tinha conhecido pouco tempo antes através de programas na televisão. Lembro-me de que gostei bastante dele, mas só depois daquele fatídico 16 de agosto de 1977 foi que passei a conhecê-lo de verdade. As emissoras de TV na época exibiram uma série de reportagens, filmes, shows e documentários, as rádios passaram a tocar os sucessos de Elvis diariamente e várias revistas decidiram lançar edições especiais em sua homenagem. Naquele ano, houve até a canção “I Remember Elvis Presley” gravada por Danny Mirror que eu não me cansava de ouvir. Acompanhei toda aquela comoção e nem imaginava que era o início de uma história em que Elvis Presley viria a figurar de modo especial em minha vida.

Só em 2008, entretanto, que fui pela primeira vez a um evento dedicado a Elvis, que aconteceu no SESC do Engenho de Dentro. Lá tive uma agradável surpresa: ouvi um desfile de bons intérpretes que cantaram com todo o entusiasmo o repertório Elvístico. Alguns cantaram maravilhosamente bem, sobretudo, o vocalista da banda Tennessee Bourbon, Rodrigo Cardoso. Presenciei, ainda, uma animadíssima plateia de idades variadas que vibrava ao som de “Blue Suede Shoes”, “Hound Dog”, “Don’t Be Cruel”, ao mesmo tempo em que se enternecia com as românticas “Sylvia” ou “Sweet Caroline”. Depois desse dia, tomei a seguinte decisão: “se houver mais eventos como esse, eu quero comparecer, curtir as músicas e conhecer também esses fãs de Elvis!”

Corri atrás e me encantei como os encontros. Fui aos poucos fazendo novas amizades e cheguei a ver novamente a Tennessee Bourbon antes da dissolução da banda. E em 2011 vim a conhecer Regina “Presley”, uma fã ardorosa e anfitriã acolhedora, que promovia divertidíssimas festas sempre ao som de Elvis Presley. Ao chegar a sua casa, respirava-se o clima da Presleymania: havia quadros, posters, placas, pratos, souvenirs, bonecos, livros e diversos artigos referentes ao amado cantor norte-americano. Uma peça de destaque era, certamente, uma grande bandeira igual àquela usada pelo exército sulista na Guerra de Secessão americana, mas com um belo detalhe: a foto de Elvis com chapéu de cowboy na estampa central. Havia também uma estante repleta de CDs, DVDs e objetos temáticos, assim como uma cristaleira toda decorada com itens enfocando Elvis nos anos 50, 60 e 70, ou seja, todas as suas fases de projeção.  Era uma Mini-Graceland situada em “Memphis, Cachambi*”. A casa, por vezes, chegava a reunir 40 pessoas em clima festivo e dançante, revivendo o fã-clube Rio Elvis Presley Society (REPS). Além do som original, nunca faltou o karaokê, onde os colegas tinham o privilégio de se sentir como Elvis naqueles momentos… Às vezes até o Rodrigo Cardoso aparecia e também participava da brincadeira. Os frequentadores mais empolgados dançavam, cantavam, conversavam e fotografavam em meio aos indispensáveis comes e bebes. Entre eles estava sempre a Vania que, esbanjando disposição, era disparada a dançarina mais energética do grupo. Horas de pura alegria! Havia vezes em que eu não queria parar de dançar. Voltava para casa com a sensação de que tinha feito um ótimo programa e pensava já nos próximos eventos.  Com o tempo, Regina mudou-se para longe, e assim ficou mais difícil para eu comparecer às festas…

Com essa experiência e amizade com os fãs, naturalmente fui me interessando cada vez mais pelo universo Presleyano. Comprei vários produtos, cheguei a assistir a todos os 31 filmes do rei do rock e tive o prazer de ir à Mega exposição “Elvis Experience Brasil” (2012) em São Paulo com farto material do acervo de Graceland, a antiga residência de Elvis Presley em Memphis. Além disso, assisti, no Maracanãzinho, a dois shows espetaculares dos músicos que tocaram com Elvis, sendo uma delas a despedida oficial da banda em turnês internacionais. Realmente, estes momentos eram raros e eu não tinha ideia se ainda haveria mais eventos. Depois de algum tempo, percebi que, além de a banda original se ter despedido dos palcos estrangeiros, não havia nenhuma banda carioca para acompanhar, os encontros frequentes com os amigos diminuíam e parecia que essa era chegaria ao fim… Estaria tudo mesmo fazendo parte de um passado? Ficava a me indagar…

Mas, a vida me reservaria outras surpresas. Depois de um certo período de estiagem, voltei a me encontrar com os antigos colegas e ainda conheci novos (!). Com o incentivo da Alice Maia, outra notável fã, chegamos a nos rever algumas vezes e também a ir ao show do melhor cover de Elvis Presley que já vi: o inglês Ben Portsmouth. O cantor tinha uma voz maravilhosa, a semelhança física ajudava e sua performance era tão convincente que, em certos momentos, parecia que estávamos assistindo ao próprio Elvis. Além disso, tinha uma banda competente e excelentes backing vocals. Ben, inclusive, durante o show jogou echarpes e ursinhos de pelúcias para as mulheres, que os disputaram sem reservas. Nem preciso de dizer que Alice foi uma das contempladas com um ursinho, enquanto ele cantava “Teddy Bear” e eu não dispensei de levar uma echarpe comigo. Como me diverti! Não só eu, mas toda a plateia, e senti que a vibração dos shows tinha que continuar…

Ano passado também dancei alucinadamente no churrasco promovido por outra superfã, a Roberta Pontes, no playground de seu prédio. Foi uma farra para lá de boa com direito a DJ e tudo mais. Robertinha já teve até o privilégio de subir ao palco e dançar com o Ben e tirar muitas fotos ao seu lado! Cheguei a ir novamente a algumas festas da Regina e revivi o grande prazer de estar com ela e a turma da REPS. E Alice, sempre ela, descobriu a “Burning Love Band”, uma ótima banda aqui mesmo do Rio cujos músicos não tardaram a interagir com o nosso grupo de amigas. Desde a descoberta, eu os tinha visto só duas vezes, portanto, eu senti que estava devendo e tinha que remediar isso rapidamente. E em junho deste ano, fui a uma apresentação memorável do conjunto em Copacabana onde reunimos vários amigos, principalmente, amigas. A Sala Baden Powell tornou-se ainda cenário para reencontros históricos. Não é que eu encontrei a Marilena, colega dos tempos da Faculdade de Letras da UFRJ, acompanhando outras fãs do nosso circuito e ainda por cima tinha sido amicíssima da Beatriz, minha irmã de coração? As duas tinham sentido uma identificação imediata e recíproca quando trabalharam juntas e eu tinha perdido o contato com a Marilena por mais de 20 anos! Todo mundo se encontrou naquele mesmo dia, “ficou tudo em casa” e a animação teve início antes de o show começar…  O vocalista da banda, Maxwell Fernandes, comandou a vibração com “See See Rider”, “Burning Love”, “Jailhouse Rock”, “A Little Less Conversation” e o nosso grupo logo se levantou das cadeiras para dançar e a alegria foi contagiante. Outras mulheres da plateia aderiram e o clima foi tão bom que participamos ativamente do show inteiro. O Maxwell, inclusive, atendeu ao meu pedido e cantou “Kiss Me Quick”; mais tarde, interpretou “It’s Now or Never”, “Fever”, “Just Pretend”, “Suspicious Minds” entre outras e não poderia faltar a “Love Me Tender”. Fizemos um revezamento na hora em que ele jogou as echarpes vermelhas, brancas e azuis com o logotipo da BLB e o restante das fãs se alvoroçou tanto que não sobrou uma só echarpe disponível. A mulherada soltou muitos gritos de “lindo”, “gostoso” e “maravilhoso” para o Maxwell, se aproximou para ganhar beijinhos e o show tornou-se uma superfesta. Ao término da apresentação impecável, todo mundo queria tirar fotos, selfies com os músicos, sobretudo com o Maxwell. Nunca imaginei que ainda iria me divertir tanto no embalo das músicas de Elvis. Que bom que a alegria continua!

Elvis Presley foi mesmo um artista extraordinário! Além de bonito, atraente e carismático, tinha uma voz belíssima, cantava rock’n’roll, country, rhythm ‘n’ blues, gospel, pop, baladas românticas e outros ritmos, dançava, tocava e ainda representava. Para mim, foi um dos mais completos artistas de todos os tempos. Viveu apenas 42 anos (1935-1977), mas conseguiu vender incontáveis discos, virar astro em Hollywood, eletrizar as plateias e tornar-se inesquecível. E o mais impressionante é a influência que ainda exerce em milhões de pessoas no mundo inteiro. E justamente para relembrar Elvis Presley, espero que venham mais festas e eventos para eu poder prestigiar sua obra musical junto com a galera por tempo indeterminado…

*Obs: “Memphis, Cachambi” é um trocadilho com a música de autoria de Chuck Berry “Memphis, Tennessee” (1959) e gravada posteriormente por Elvis Presley.

 


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