Desfrutar é um verbo que, para mim, só traz significados positivos. Lembro-me logo de expressões como “desfrutar as férias”, “desfrutar momentos de lazer”, “desfrutar as coisas boas da vida” e por aí vai… Foi assim que entrei em clima de motivação quando vi o título do livro “Como Desfrutar Sua Vida e Seu Trabalho” do autor norte-americano Dale Carnegie. Pois, quem não quer desfrutar sua vida cada vez mais? E seu trabalho também? Acredito que, mesmo que a pessoa esteja satisfeita com sua carreira, local de trabalho ou relacionamentos, é sempre bom saber mais dicas para crescer tanto em termos profissionais quanto pessoais. Mas, podemos desfrutar cada dia, sendo nós mesmos, sabendo identificar as necessidades e anseios dos outros e deixar ambos os lados felizes? O livro nos convida a este desafio. E o título faz jus à obra que traz um conteúdo envolvente e ao mesmo tempo instigante. Agora que estamos no primeiro mês do ano de 2019, eu convido vocês a saberem também um pouco mais como chegar lá… O livro em questão, composto por uma seleção de textos de dois best-sellers de Dale Carnegie “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” (1936) e “Como Evitar Preocupações e Começar a Viver” (1948), de início não me impressionou, pois o primeiro capítulo fala na importância de sermos originais e não nos preocuparmos em imitar quem admiramos. Até aí, não havia nenhuma grande novidade. No decorrer da leitura, entretanto, descobri sugestões mais do que preciosas. Quanto à questão do trabalho em específico, o autor lista quatro fatores fundamentais para a ajudar a trabalharmos com mais eficiência:
1 . Limpe sua mesa de todos os papéis, exceto os relacionados com o problema imediato que você tem em mãos.
2. Faça as coisas de acordo com a sua ordem de importância.
3. Quando se deparar com algum problema, resolva-o na hora, se dispuser dos dados necessários para chegar a uma decisão.
4. Aprenda a organizar, delegar e supervisionar.
Fazendo um balanço dos meus hábitos profissionais, fiquei feliz em saber que, ao longo dos anos, já consegui implementar simplesmente todas as práticas sugeridas (!) e posso afirmar que fizeram uma enorme diferença na minha produtividade. Como sempre colecionei livros, revistas e recortes, desenvolvi a tendência de acumular material impresso em geral. Sem dúvida, esse hábito fez com que a visão de amontoados de papel sobre a minha mesa se tivesse transformado em uma paisagem natural. As próprias funções que sempre exerci contribuíram mais ainda para isso, uma vez que trabalhei anos no magistério e depois passei a atuar em secretarias. E mesmo na era digital, imprimir folhas, juntar anotações, guardar lembretes pareciam-me uma necessidade-mor. Quando eu queria encontrar uma folha específica, perguntava-me: “Onde está? Onde eu vou olhar primeiro?” E lá ia eu para a minha tarefa inglória: procurar a informação no meio de um oceano de papéis até poder encontrá-la submersa em alguma das minhas pilhas. E o tempo que eu levava para achar a tal folhinha? Sem falar que só de olhar tanto papel junto já me cansava a vista… Com isso, os trabalhos pareciam se prolongar ad infinitum e a paciência fazia-se a mais premente entre as minhas virtudes.
Finalmente, depois de tanta energia sub-utilizada, resolvi que eu tinha que mudar. Foi um custo, mas aprendi. Hoje em dia, deixo todas as informações importantes em arquivos específicos no computador e as minhas tarefas do dia anotadas na agenda (sim, continuo amando papel!). Próximo a mim, só deixo o material de que mais necessito como o computador, utensílios básicos de papelaria, um manual, uma agenda, uma caneca de água, uma xícara de café, calendários ilustrados e alguns outros objetos da minha predileção para deixar minha mesa mais alegre e feminina. As gavetas também só têm o necessário, embora uma reorganização é sempre bem-vinda… Com o ambiente bonito e organizado, o impacto visual já contribui para estimular meu desempenho. Sonho em conseguir um dia aplicar o mesmo sistema no meu quarto… Voltando à mesa, encontro agora tudo com muita rapidez e as minhas tarefas são feitas por ordem de prioridade. Como tratei de criar um manual de diretrizes e mantenho-o sempre atualizado, quase não tenho dúvidas sobre os meus procedimentos e tomo decisões com muito mais precisão. Além disso, adquiri mais conhecimento de informática de modo que executo os trabalhos com mais agilidade e, portanto, consigo manter minhas obrigações em dia. Que diferença de tempos de outrora! Passei a ter tudo sob controle. Como não tenho a quem delegar tarefas, a não ser nos tempos em que trabalhei com estagiários, supervisiono tudo o que faço, além da minha seção como um todo para auxiliar meu chefe. Resultado: NO STRESS passou a ser um dos meus lemas, trabalho em perfeita sintonia com o ambiente e bastante feliz.
O livro reforçou, portanto, minhas convicções sobre a melhor maneira de se trabalhar. E quanto às relações interpessoais? Haveria alguma dica reveladora e convincente? Esta parte, na qual eu estava mais interessada, surpreendeu-me ainda mais. O autor propõe uma mudança total na maneira de olhar os fatos e interagir com as pessoas. Não só comenta, como ensina a agir nas mais diversas situações embaraçosas. Aqui vou citar algumas orientações de Dale Carnegie usando o vocabulário mais fiel possível à obra original: devemos aprender a lidar com críticas injustas, fazer a outra pessoa sentir-se importante, tornar-se verdadeiramente interessado na outra pessoa, fazer elogios honestos e generosos, nunca dizer que o outro está enganado, permitir a quem erra salvar seu próprio prestígio, contar nossas bênçãos e não aborrecimentos, entre outras práticas. Porém, de todas as dicas, vou destacar a que mais causou impacto em minha vida: “tornar-se verdadeiramente interessado na outra pessoa.” Essa, sem dúvida, foi decisiva por toda uma mudança pessoal de paradigma.
Há vários anos, eu passei por um período de instabilidade emocional que me acarretou oscilação de humor, baixa autoestima e falta de motivação. Certamente, eram ingredientes de uma receita nada recomendável. Eu vivia imersa nos meus próprios problemas e fechava-me para as outras pessoas, principalmente colegas de trabalho. Na época, decidi frequentar a Igreja Católica e desde que comecei a aprofundar-me nos ensinamentos do Evangelho, passei a mudar de atitude. Vi que Jesus se importava com as pessoas em meio a adversidades sem distinção: pobres, ricos, homens, mulheres, conterrâneos, estrangeiros, coxos, leprosos, enfermos, e pessoas de toda natureza. Entendi que devemos ter compaixão pelo sofrimento do outro. Portanto, passei a dar atenção aos demais sem esperar reciprocidade. Quando eu sabia que algum colega estava doente, perguntava sobre o seu estado de saúde, se alguém estava com dificuldade com algum familiar, interessava-me em ouvir suas histórias, quando alguém precisava de algo com urgência, fosse uma orientação ou um band-aid, logo oferecia-me para ajudar. Depois que passei a ser mais prestativa, ao contrário do que eu pensava, vi os outros também mudar de atitude. Colegas distantes passaram a compartilhar particularidades e mostrar-se mais compassivos comigo. Aqueles que aparentavam ser altivos e autossuficientes revelavam o quanto tinham de fragilidade e insegurança. Ainda por cima, mostravam-se satisfeitos ao receber atenção. A partir daí, aprendi uma lição essencial: não só aqueles colegas, mas todos, invariavelmente, gostam de receber atenção. Alguns necessitam muito de alguém que possa dedicar um pouco de tempo para, ao menos, ouvi-los. O exemplo de Jesus inspirou-me de uma forma sem precedentes e percebi o quanto eu podia contribuir para que alguém se sentisse um pouco melhor. Consequentemente, eu tornava-me mais aberta e sentia-me também muito melhor. Era bem mais simples do que eu imaginava. Não posso esquecer-me de que os estudos da Programação Neurolinguística (PNL) também ajudaram a saber colocar-me na posição do outro e mudar as minhas atitudes. E o ensinamento de Dale Carnegie de como interessar-se verdadeiramente pela outra pessoa só veio reavivar em mim esse desejo.
“Como Desfrutar Sua Vida e Seu Trabalho” é um livro que conquista – pelo menos me conquistou em cheio -, pois é rico de exemplos práticos, tirados de situações reais, que ensina a lidar melhor com o ser humano em geral, incluindo profissionais, clientes, amigos, familiares ou pessoas que você acabou de conhecer. O livro chega a ser didático com cada capítulo apresentando como título uma frase de destaque que desencadeará o estímulo à leitura e vários capítulos terminam com um pensamento filosófico que resume o pensamento central do texto. Dale Carnegie assume um tom de contador de histórias que cativa o leitor e ele expõe a riqueza dos temas com clareza na exposição das ideias, amplamente exemplificadas. Às vezes, há até um uso excessivo de exemplos, mas reconheço que quase todos são muito bons e ilustram prontamente o ponto de vista do autor. Ao terminar a leitura, enchi-me de entusiasmo em aplicar as técnicas abordadas. E nas primeiras oportunidades em que fiz um comentário positivo e sincero, fui generosa no elogio ou fiz a outra pessoa sentir-se importante, fui bem-sucedida. Diante disso, não vejo a hora de começar a devorar os demais livros que comprei do Dale Carnegie Training, escritos por instrutores que trabalham no centro de treinamento fundado pelo autor original. E mais do que isso, desejo desfrutar 2019 com uma diferente perspectiva e, ao mesmo tempo, atualizar um dos meus objetivos de sempre: tornar-me uma versão melhor de mim mesma. Deus me ajude a chegar lá! Acredito que esta obra mais do que estimulante foi apenas o pontapé inicial. Depois desse elogio generoso, sem dúvida sincero, estou ansiosa por aprender mais. Ao desfrute já!
Fonte consultada:
CARNEGIE, Dale. Como desfrutar sua vida e seu trabalho. Tradução: Fernando Tude de Souza e Brenno Silveira. 8ª Edição. São Paulo.
Companhia Editora Nacional, 2012.
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