“A Felicidade se constrói pelo caminho da vida” e “devemos perseguir os nossos sonhos…” É o que tenho aprendido com os vídeos do Padre Ezequiel Dal Pozzo ultimamente. Penso que quando começamos a colocar estes ensinamentos em prática, experimentamos a cada dia a alegria desta dinâmica. Acredito ainda que Deus nos ilumina se estivermos dispostos a cumprir a Sua vontade e, com estas certezas, a vida passa a fluir muito melhor. Pude comprovar tudo isso no dia 24/04/21 quando realizei o antigo sonho de fazer a palestra sobre a minha passagem favorita do Evangelho: o encontro de Jesus com a Samaritana à beira do poço de Jacó.
Mesmo que tenham passados anos desde o dia em que me fascinei pela primeira vez por esta passagem bíblica, ainda hoje eu me emociono com o modo como Jesus converteu aquela mulher cujo coração era marcado pelas feridas da vida. Uma mulher que, como tantas outras, experimentou a amargura e o peso da rejeição até o dia em que teve o encontro pessoal com Jesus. A partir daí, reconciliou-se com sua história e passou por uma profunda transformação espiritual. Eu ansiava por um dia em que teria oportunidade de falar em público sobre a riqueza dessa história. E em fevereiro deste ano, providencialmente, recebi o convite da coordenadora do grupo “Shekinah – Mulheres Sentinelas do Senhor” para fazer uma pregação na Igreja Nossa Senhora de Fátima, próxima ao Méier. Então, não pensei duas vezes; aceitei e propus o tema. Com grande satisfação, recebi a resposta positiva e já comecei a preparar-me. Li livros e vários artigos que pudessem contribuir para a palestra, sem nenhuma hesitação. Foi muita leitura e oração até chegar o momento, pois é sempre uma grande responsabilidade falar sobre a Palavra de Deus. Embora eu seja Catequista de Adultos, falar para uma plateia não totalmente conhecida e discorrer sobre um assunto tão especial em pouco mais de uma hora seria um desafio e tanto.
Depois de dois meses, a manhã tão esperada chegara… O evento começou às 9h com música e oração como costuma a ser a “Manhã Shekinah” – encontro para mulheres realizado no último sábado do mês na Paróquia. Apesar da emoção e ansiedade que eu estava sentindo, orei e confiei na minha preparação, e sobretudo confiei na Graça de Deus. Chegada a hora de me apresentar, notei que não havia muita gente. Afinal, nestes tempos de pandemia, muitos ainda se retraem de ir à igreja, mesmo com o distanciamento social e cumprimento das medidas sanitárias adotados pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. A plateia podia ser pequena, mas a minha satisfação foi muito grande. A palestra fluiu, enfoquei os pontos planejados e concluí a apresentação no último segundo. Depois houve mais momentos de oração e reflexão feitos pela coordenadora Daniela para concluir mais um bela “Manhã Shekinah”. Foi ainda mais gratificante quando ouvi o comentário mais do que positivo de algumas das mulheres depois do encerramento.
Para mim, é quase indescritível o efeito deste dia. Fiquei muito feliz de saber sobre os pontos mais marcantes da palestra e o mais mencionado foi o da conversão da Samaritana. Foi quando Jesus pela primeira vez se declarava explicitamente como o Messias: “Sou eu, quem fala contigo” (João 4, 26). Inesperadamente, Ele se declarou a uma mulher. Uma mulher estrangeira, considerada pelos judeus como impura, pertencente a um povo inimigo. Ali, Jesus quebrou todas as barreiras da época ignorando o ódio mútuo existente entre judeus e samaritanos por mais de sete séculos. Um ódio iniciado quando os israelitas da Samaria uniram-se a outros povos por casamento e, além do Deus de Israel, passaram a cultuar falsos deuses. Ainda por cima, eles construíram um templo de adoração no monte Garizim para rivalizar com o Templo de Jerusalém. Um judeu não podia nem tocar num copo de um samaritano, pois ficaria “contaminado”. É neste contexto que Jesus pediu à Samaritana, “Dá-me de beber” (João 4,7) e iniciou com ela o diálogo mais longo do Evangelho. Junto ao histórico poço de Jacó, ao meio-dia, sob o sol escaldante do Oriente Médio, Jesus falou às sós com uma mulher, pois os seus discípulos tinham ido comprar mantimentos. Ele a ensinou sobre as verdades espirituais, algo que um Mestre da Lei Judaica jamais poderia fazer. Jesus instruiu aquela samaritana porque sabia que ela tinha sede de Deus e estava pronta para receber a água viva que Ele, o Mestre dos Mestres, estava a lhe oferecer.
Aquela mulher não era uma mulher comum. Ela sofria por ter tido cinco maridos e não ter encontrado neles a sua felicidade. Ela provavelmente passara pela dor da viuvez e do divórcio, numa época em que só o homem tinha o direito de pedir a separação. Uma mulher não tinha escolha. Portanto, toda mulher divorciada era uma mulher rejeitada. E ela vivia com um homem que não era seu esposo. Por isso, a samaritana ia apanhar água ao meio-dia a fim de evitar os olhares e comentários das outras mulheres. Ela era vista apenas como pecadora. Porém, Jesus não a discriminou; mostrou a ela que conhecia o seu passado e olhava-a com compaixão. Ele fez o inimaginável até então: declarou a ela que Deus é Pai e revelou-se como o Messias. E os discípulos, quando chegaram, não questionaram Jesus. Algo inédito estava acontecendo àquela mulher. A partir daí, a samaritana nunca mais seria a mesma. Largou seu cântaro, deixou seu passado para trás e passou a evangelizar os seus conterrâneos ao lhes despertar a curiosidade: “Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?” (João 4, 29). A mesma mulher que saíra no pior horário do dia para não ser vista e falar com ninguém passou a convidar todos a ver um homem que sabia tudo sobre sua vida. Depois de conhecer o Cristo, verdadeiro Deus e Homem que redime a todos, ela não podia esconder-se mais. Os samaritanos foram hospitaleiros com Jesus e passaram dois dias com Ele. Perceberam que Jesus não se tratava de um inimigo. Ao contrário, Ele era amistoso e compassivo. Os samaritanos fizeram, então, os que os judeus estudiosos da Lei se recusavam a fazer: declarar em público que Jesus era “verdadeiramente o Salvador do Mundo” (João 4,42).
Esta passagem sempre será emocionante para mim. O poço de Jacó mede impressionantes 42m de profundidade, mas a profundidade destes 42 versículos do Evangelho na alma humana é, com certeza, imensurável. O tratamento que Jesus deu àquela mulher desprezada, transformou a vida dela e a dos samaritanos chegam a maravilhar-me. Hoje, em tempos em que tanto se fala de ódio, preconceito étnico, racial, cultural, intolerância religiosa e discriminação à mulher, entre outras questões, há cerca de dois mil anos Jesus já dava o remédio para a Humanidade: o Amor e a Compaixão. Jesus sempre dava o exemplo às pessoas. Ele mesmo cumpriu os seus ensinamentos “Amai os vossos inimigos” (Mateus 5,44) para depois dizer “Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (João 13,34). Deus é Amor (1 João 4,8). Jesus é o exemplo vivo deste amor. Ele nos dá a Água Viva que jorrará até a Vida Eterna (João 4,14). E um papel importante que Jesus confiou às mulheres foi o de ser testemunha Dele, de Seu Amor e divulgar a Boa Nova. Se eu consegui passar esta mensagem, então cumpri o propósito da palestra. Falei de Jesus, nosso Salvador e senti o gosto da felicidade. O meu sonho está, de fato, realizado.
Fontes consultadas:
Bíblia Sagrada Ave-Maria. 18ª Edição. São Paulo: Editora Ave-Maria.
CHEVROT, Georges. Jesus e a Samaritana. Tradução de Maria Vieira e revisão de Emérico da Gama. São Paulo: Quadrante, 2013.
MATHEWS, Alice. A Woman God can lead. Lessons from Women of the Bible Help You Make Today’s Choices. Grand Rapids, MI: Discovery House Publishers, 1998.
CONEGERO, Daniel. Perguntas e Respostas Bíblicas: Por Que os Judeus Não se Davam Com os Samaritanos? Site: Estilo e Adoração, 2019. https://estiloadoracao.com/por-que-os-judeus-nao-se-davam-com-os-samaritanos/
AQUINO, Felipe. Editora Cléofas, 2021. Porque os Judeus odiavam os samaritanos. https://cleofas.com.br/por-que-os-judeus-odiavam-os-samaritanos/ Disponível em 13 de abril de 2021.
BENTO, Pe. Jacinto. Site: Nos passos de Cristo, 2014. O poço de Jacob. http://nos-passos-de-cristo.blogspot.com/2014/08/o-poco-de-jacob.html Disponível em 10 de agosto de 2014.
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