Com as Olimpíadas de Tóquio já terminadas e o Brasil com o recorde de 21 medalhas conquistadas, sendo 7 de ouro, vou ainda “pegar carona” na onda do protagonista do 1º podium dourado para o nosso país em 2021: Ítalo Ferreira. Fiquei radiante quando acordei na 3ª feira do dia 27 de julho e liguei o celular para ver o resultado da final olímpica do surf masculino e, para a minha alegria, logo vi as seguintes manchetes em destaque: “Ítalo Ferreira conquista 1º ouro olímpico do surfe para o Brasil” (UOL Olimpíadas News), “Ítalo Ferreira é campeão olímpico no surfe e dá 1º ouro ao Brasil em Tóquio” (CNN Brasil), “Italo Ferreira: o campeão olímpico tem passado de superação e quer inspirar a nova geração do surfe” (Lance Olimpíadas), ou seja, só dava Ítalo Ferreira! Vibrei muito ao saber desta grande conquista do nosso surf e mal podia esperar para assistir às baterias vitoriosas que havia gravado pela TV de nosso mais novo campeão! Mas, depois de ver as provas e ler as reportagens, fiquei ainda mais feliz em conhecer não só do surfista, mas também do ser humano Ítalo Ferreira que, como tantos brasileiros, é um batalhador na vida com muita fé em Deus, esperança e amor no coração.
Quando fui conferir as baterias, aliás as primeiras em minha vida, fiquei muito impressionada. Sempre fui fã de surf, mas só via alguns vídeos ou reportagens, e desta vez não queria perder a oportunidade de assistir às principais competições do esporte na sua estreia olímpica. Logo a primeira prova que acompanhei foi ao vivo e do Ítalo, que de cara ganhou a nota mais alta da competição: 9,73. Pensei: “ele é bom mesmo!” Afinal de contas, só podia ser, pois ele já tinha ganhado o campeonato mundial de surfe, a World Surf League, em 2019. A partir daí, eu passei a acreditar que Ítalo venceria mais este desafio e ele não me decepcionou. Foi linda a vitória! Foram ainda emocionantes a sua comemoração e as declarações à imprensa. Ele agradeceu a Deus ainda no mar, foi carregado por amigos nos ombros e chorou ao falar da conquista. Ítalo disse que acordava no Japão todos os dias às 3h da manhã para orar e repetia: “diz amém que o ouro vem.” E afirmou que Deus realizou o sonho dele. Ítalo fez questão de apontar para o céu e agradecer ao Senhor no momento de sair da prova que lhe valeria o ouro, usar um cordão com uma cruz, e, entre outras demonstrações de devoção, postar no seu Instagram a foto com a inscrição “Fé, Sempre”. A fé em Deus, ele afirmou que deve muito à mãe que assim o ensinou. Disse ainda que o maior desejo que ele tinha era que a avó estivesse viva para ver em quem ele tinha se tornado. Até o repórter que o entrevistava chorou. E eu também. A emoção tomou conta de mim. Tocou-me muito ver este brasileiro tão simples, empenhado e cheio de fé ganhar a 1ª medalha de ouro da história desta modalidade esportiva em Olimpíadas.
Fiquei também muito comovida ao saber mais da história de vida do nosso campeão. O Ítalo, como muitos já sabem a esta altura, nasceu em uma cidade pequena, Baía Formosa, do Rio Grande do Norte e vem de uma família de baixa renda. Ele é filho de um vendedor de peixes e de uma funcionária de uma pousada local; na infância, era um garoto apaixonado pelas ondas do mar e sonhava em ser um surfista profissional. O início foi muito duro aos 8 anos de idade, pois ele tinha de pedir emprestado as pranchas ou praticar com a tampa de isopor onde o pai punha os peixes. Mas, a perseverança do menino superou as dificuldades financeiras até ele tornar-se um surfista de sucesso. Enquanto tantos competidores podiam comprar pranchas caras e preparar-se mais adequadamente, Ítalo tinha dificuldades até de competir em campeonatos em outras cidades pela falta de dinheiro. Ele, por exemplo, costumava a hospedar-se na casa da família do senhor Beto Fagundes e Dona Nininha em Natal, capital de seu estado, quando tinha entre 12 a 14 anos. E eles, por sua hospitalidade, também receberam uma bela recompensa. Assim que os Jogos Olímpicos chegaram ao fim e Ítalo voltou para o Rio Grande de Norte, ele fez questão de visitar a família e mostrar-lhe a medalha de ouro, aliás, que ele lhes prometera ganhar. Foi cumprida a bela promessa para a alegria da família. Como já não fosse pouco saber sobre o seu senso de gratidão, descobri que o nosso medalhista também tem práticas altruístas e já criara seu próprio instituto em Baía Formosa com o objetivo de promover o esporte, especialmente o surf, a sustentabilidade ambiental e a formação de crianças e jovens para que não vivam em estado de vulnerabilidade social.
Ítalo Ferreira é mais do que mais um campeão olímpico. É alguém que busca o 1º lugar e também pensa no próximo. É um homem grato pelo valor que sua família de origem deu ao seu desejo de ser um esportista, grato à família que o acolhia em Natal para poder competir, grato à natureza, ao esporte e, sobretudo a Deus. O bom exemplo de Ítalo em tudo me impressionou. Eu, que admiro muito o Gabriel Medina, agora também volto as minhas predileções para este outro surfista genial. Ítalo Ferreira: um campeão que sabe surfar com beleza e encanto nas ondas do mar, nas ondas da fé, nas ondas da filantropia, nas ondas da vitória.
Fontes consultadas:
IF15 Sports: https://if15.com.br/
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