Para quem me conhece mais de perto, sabe que sou uma aficionada por organização, análise e planejamento, ou seja, tenho tudo a ver com Administração. Aliás, este foi um amor que começou como uma descoberta meio-inesperada para mim, pois quando comecei a trabalhar em setor administrativo fui gostando, mas não tinha a noção como eu me encantaria com este universo. O pontapé inicial aconteceu um pouco antes com o estudo da Programação Neurolinguística (PNL), pois assim passei a entender um pouco mais sobre as relações de gerente/funcionário, empresa/cliente, e o mundo da positividade que eram possíveis nas relações interpessoais e profissionais. Quando eu comecei a trabalhar, de fato, pondo este conhecimento em prática aliado às rotinas administrativas, foi um campo novo que me surgiu. Aprendi a trabalhar de forma sistemática e fui me motivando cada vez mais ao desenvolver técnicas de organização de trabalho, criação de planilhas de Excel, cronogramas, organogramas, tabelas de controle de prazo, e lidar com pessoas de diferentes empresas. Assim, coloquei-me bem aberta a novas ideias. Agora, minha animação ressurge com força a partir do conhecimento da Investigação Apreciativa (IA), uma mudança de paradigma em termos de gestão em que o foco é sempre descobrir o núcleo positivo de experiências onde as pessoas trabalham para depois sonhar, delinear planos práticos e chegar ao destino ideal.
Tomei conhecimento da Investigação Apreciativa no ano passado por meio do meu Pároco, que fez a apresentação do método na Assembleia Paroquial de Iniciação Cristã para as equipes de catequese. Ele, além de explicar como a abordagem funciona para uma mudança positiva, ainda redigiu vários exemplos como poderíamos melhorar o funcionamento de cada grupo de catequese. Fiquei logo curiosa e passei a pesquisar mais sobre o assunto. Tudo que parte do positivo para mim vejo não somente como “meio caminho andado”, mas como “meio destino alcançado”. Pedi ao padre mais material e depois comprei o livro “Investigação Apreciativa – Uma Abordagem Positiva para a Gestão de Mudanças” de David Cooperrider, o criador da abordagem, e Diana Whitney. Assim, aprendi que a grande mudança que pode haver em qualquer setor de trabalho é mudar o foco de “qual é o problema a ser resolvido” para “qual é o núcleo positivo já existente que pode ser potencializado”. Deste modo, muda-se a percepção do grupo e do ambiente, as pessoas recordam suas experiências bem-sucedidas e se permitem sonhar com um ambiente cada vez melhor, traçar um projeto e, enfim, chegar ao nível idealizado. Para isso, devem-se selecionar alguns tópicos afirmativos e seguir as etapas dos 4-Ds:
- Discovery (Descoberta);
- Dream (Sonho);
- Design (Delineamento/Projeto);
- Destiny (Destino Ideal).
Li que a IA é uma das mais eficazes abordagens usadas internacionalmente pelas empresas e um exemplo do livro que me chamou bastante atenção foi a da British Airways dos Estados Unidos. Nesta experiência, todos os funcionários foram entrevistados com perguntas positivas e as reuniões envolveram pessoas de todos os setores, funções e hierarquia. Deste modo, todos sentiram-se valorizados e contribuíram com inúmeras ideias para melhorias no serviço da companhia aérea. Uma delas começou com a identificação de um problema em uma reunião, como é comum de acontecer: a questão do setor de bagagem, sobretudo os custos, o tempo despendido e a mobilização desgastante que ocorriam quando as malas de um cliente não chegavam ao seu destino. Incentivados pela equipe que começou a formular perguntas positivas para pensarem além dos problemas, as pessoas foram imaginando como seria a chegada perfeita dos passageiros. Na verdade, os participantes escolheram os quatro tópicos afirmativo que queriam alcançar: a chegada ideal do cliente, a felicidade no ambiente de trabalho, o constante desenvolvimento dos funcionários e uma maior harmonia entre as equipes da empresa. A motivação foi grande e o foco passou a ser 100% positivo. Mais tarde, as outras etapas se desenvolveram e, no final, todos ganharam com a inovação, tanto a British Airways como funcionários e clientes. A valorização das ideias e experiências das pessoas renovou o espírito da empresa e transformou a rotina da companhia aérea. Não é animador saber que os ambientes podem mudar para melhor? Que é possível chegar a um nível de excelência desde que as pessoas sejam ouvidas e estimuladas a participar com sua vivência e ideias? Há muito o que se aprender com um método assim…
Lembro-me que há muitos anos trabalhei em uma repartição cujos superiores só convocavam reuniões para discutir defeitos. O funcionário da confiança da chefia traçava uma lista de problemas que estavam acontecendo e não fazia nenhum elogio a um procedimento usado no trabalho. Não é difícil de imaginar a tensão dos funcionários em torno das reuniões e da dificuldade de apresentar boas soluções. Ao término da reunião, nenhuma anotação era feita ou diretriz distribuída. As resoluções acertadas, pouco a pouco eram esquecidas e os problemas voltavam a emergir até a próxima reunião… Felizmente, são tempos passados. Tenho uma chefia agora que pensa totalmente diferente e as reuniões fluem muito bem, pois as pautas têm objetivo definido, as pessoas são avisadas com antecedência e, por isso, sempre há vários envolvidos que já vão para a reunião com ideias visando a melhoria do trabalho. As colaborações dos funcionários levam a soluções conjuntas com o supervisor da seção, o respectivo coordenador e da diretora; portanto, ninguém se sente excluído e as ações decididas são logo implementadas. As pessoas passam a envolver-se de modo que tudo funcione com êxito e com frequência recebem elogios dos superiores. Quando o ambiente é positivo, tudo flui melhor. Não tenho dúvidas disso.
Com o conhecimento da abordagem da IA, fico ainda mais convicta que o aperfeiçoamento do trabalho, harmonia, satisfação das equipes e serviço de excelência para o público-alvo é sempre possível, seja no setor público, privado, terceiro setor, equipe de catequese ou qualquer grupo de trabalho humano.
Que descoberta boa e leitura agradável foi esta sobre a Investigação Apreciativa. Sempre que descubro algo que possa ajudar-me no desenvolvimento pessoal ou coletivo, começo a me empolgar. A motivação já começa na fase da descoberta; sinal que o método funciona mesmo. Como eu gostaria que mais pessoas tivessem acesso às diversas áreas do conhecimento que procuram mudar a mente humana para não focar no lado negativo, mas enxergar o potencial imenso que existe em nós, nos grupos e nas relações humanas como um todo. Basta uma mudança de olhar. Com certeza, a Investigação Apreciativa é uma contribuição e tanto para proporcionar qualidade nos serviços, trabalho harmônico em equipe e alegria coletiva com o resultado. A IA é uma abordagem que merece e muito ser apreciada…
Fontes Consultadas:
- COOPERRIDER, David L.; WHITNEY, Diana. Investigação Apreciativa: uma abordagem positiva para gestão de mudanças. Tradução de Nilze Freire para Appreciative Inquiry: a positive revolution in change. Rio de Janeiro. Qualitymark, 2006.
- PEREZ, Andréa. Conheça as 4 etapas da Investigação Apreciativa. Site: Blog IPOG, 2017. Acesso em: https://blog.ipog.edu.br/saude/etapas-investigacao-apreciativa/
- MIRANDA, Pe. Júlio César. Pensando a Iniciação Cristã – Proposta para Avaliação Apreciativa – Basílica Imaculado Coração de Maria. 2021.
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