ROMA, VATICANO, ITÁLIA – ROTA DE ESPLENDOR

Viajar é sempre uma oportunidade para abrirmos os horizontes, mas quando a viagem é para Itália, parece que se abre a nós um horizonte sem fim. Passar duas semanas por algumas das cidades mais antigas e significantes da Europa e até do mundo nos dá uma sensação de estar fazendo parte da História. E andar pelas ruas de Roma e do Vaticano ainda transcendem este conceito, pois nos sentimos parte não só da História Geral, mas também parte da História da Arte, da Arquitetura e do Catolicismo em específico. Pelo menos, foi como eu me senti e muitos dos meus companheiros de viagem em maio e início de junho deste ano. Fiz com eles uma Peregrinação aos Santuários Italianos e tivemos Roma e o Vaticano como pontapés iniciais do nosso roteiro.

Chegamos à Cidade Eterna em 20 de maio de 2023 e fazia frio de manhã. Logo na chegada ao hotel na famosa Via Nazionale, já fui absorvendo um pouco da atmosfera que me esperava. A fachada do hotel era branca e construída em estilo clássico (ou semelhante), e logo na entrada, nas duas laterais, havia as pinturas perfeitas de uma dama e um cavalheiro em tamanho real usando trajes antigos para nos recepcionar.  E por todo o hall havia pinturas de belas paisagens italianas decorando as paredes sustentadas por colunas ornamentadas, sempre lembrando o classicismo. Eu já começava a respirar arte. Fiquei muito bem-instalada com minha companheira de quarto e de Paróquia, Consuelo, e contei com a companhia festiva dos demais 25 integrantes da excursão aos Santuários Italianos, incluindo os animados guias Odilon e Cleuza, o motorista de ônibus Rocco e o nosso diretor espiritual, Padre Carlinhos. Nas nossas andanças pela cidade, tive a satisfação de contemplar a preservação das construções históricas, das igrejas e monumentos, tudo mesclado à modernidade das lojas de grife e à estrutura de um país do primeiro mundo. Tive o prazer de andar à noite a pé com o grupo e admirar, pelo meio do caminho, cenários inesquecíveis como o monumento a Vítor Emanuel II, o primeiro rei da Itália unificada, a área arqueológica dos fóruns imperiais e várias construções de grande beleza até a chegar à famosíssima Fontana de Trevi, sempre lembrada pela antológica cena de Anita Ekberg com Marcello Mastroianni no filme La Dolce Vita (1960) de Fellini. Ela é também lembrada como uma espécie de fonte dos desejos pela tradição de os turistas jogarem moedas nas águas da fonte e fazer pedidos do tipo: voltar a Roma ou encontrar um grande amor… Este costume aparece em um outro filme a que também assisti: “A Fonte dos Desejos” (1954). É claro que não perdi a oportunidade e joguei a minha moedinha também. Divertido foi ouvir aqueles que queriam pechinchar no arremessamento das moedas e falavam em jogar centavos em vez de 1 ou 2 euros, ou ainda em arremessar moedas de real e se indagavam: “será que jogar Real na fonte surte o mesmo efeito?” Divertido mesmo… Maravilhei-me de verdade por estar diante da Fontana de Trevi e poder observar aqueles detalhes arquitetônicos com toda a sua magnitude. É de deixar mesmo qualquer um deslumbrado perante o nível de beleza daquela obra de arte ao ar livre. Então, eu comecei a fotografar tudo, assim como os numerosos turistas no local e, melhor ainda, sem medo que me furtassem o celular… Naquele dia também experimentei os deliciosos sorvetes italianos em copos grandes de três sabores, como chocolate (cioccolato), creme de leite (fior di latte) e Nutella, entre os vários que eu ainda experimentaria. O mais gostoso ainda é que acertei fazer o pedido na língua local sem muita dificuldade. E na primeira gelateria que entrei, ainda fui atendida por um belo sorveteiro italiano. A viagem já começava muito bem…

Nos quatros dias que passei por lá, pude ver muito mais do que eu imaginava. Além de sempre encontrar artigos interessantes nas incontáveis lojinhas e barracas de souvenirs, onde comprei vários calendários, porta-moedas e porta-óculos com estampas da Cidade Eterna, só para citar alguns exemplos, ainda aproveitei para entrar com as colegas nas boas lojas de moda da Via Nazionale, entre outras. E, felizmente, em uma, pelo menos, consegui comprar alguma coisa. Na cidade, os ônibus de turismo não paravam de chegar e, em todo lugar, pude encontrar turistas de várias nacionalidades e principalmente vindos de países europeus. Durante uma das bus tours do nosso grupo, pude contemplar vários trechos da antiquíssima muralha de Roma, o Castelo de Sant’ Ângelo, o Circo Máximo, onde se disputavam as corridas de biga, e até a única pirâmide egípcia erigida na Europa. Aliás, o Circo Máximo, quando chegamos, estava sendo preparado para o megashow do Bruce Springsteen, rockeiro das antigas, que deixou entusiasmado o nosso amado Padre Carlinhos. Ele não pôde ir ao show, mas não perdeu tempo e assistiu ao vídeo completo duas vezes quando este chegou ao YouTube… Isso é que é empolgação!

As emoções durante a viagem foram muitas. Tirei fotos junto ao Coliseu, junto ao Arco de Constantino, construído em homenagem ao imperador que liberou o culto do Cristianismo no Império Romano, e fotografei maravilhosos edifícios como o Anantara Hotel, de 5 estrelas, situado na Piazza della Repubblica (Praça da República). Porém, emoção mesmo foi visitar a Catacumba de São Calixto na Via Appia, onde os cristãos dos primeiros séculos reuniam-se para orar e celebrar a Missa e onde também eram enterrados. Tudo isso para esconder-se das duras perseguições de imperadores sanguinários como Décio, Valeriano e Diocleciano, entre os piores. É fascinante ver que, por amor a Cristo e à Igreja, eles conseguiam construir há tantos anos, escavações tão profundas e bem-feitas arriscando a própria vida, e continuavam inabaláveis na união e à devoção a Deus. Uma lição inestimável para todos os cristãos. Também muito profunda foi a nossa visita ao edifício onde fica a Escada Santa, onde Jesus subiu para ser julgado por Pôncio Pilatos, levada por Santa Helena a Roma. O edifício é próximo à Arquibasílica de São João Latrão, que tive a alegria de visitar, assim como a Basílica histórica de Santa Maria Maior e a também histórica igreja de Santa Maria dos Anjos. Nesta igreja ocorreu um episódio, no mínimo, curioso. Eu e mais algumas colegas tivemos o prazer de acompanhar a Missa em italiano, entender o padre, orar e dar todas as respostas juntas em português. Foi, sem dúvida, uma participação bilingue, sui generis do meu grupo, que deve ter causado surpresa aos demais fiéis e ao padre italiano também…  Outro grande momento foi a visita à Basílica Papal de São Paulo Extramuros, onde pude orar junto ao túmulo de São Paulo, santo muito amado, autor da maioria das cartas do Novo Testamento. Nem parecia real. A Basílica era só beleza, arte e espiritualidade. Por fora, jardins muito bem-cultivados e a imponente estátua do santo na entrada que, de certo ângulo, parecia ganhar uma auréola com os raios de sol… E como se não bastassem tantas emoções, afirmo que em meu passeio a Roma e ao Vaticano, não houve emoção maior do que estar em meio a uma multidão na Praça de São Pedro e assistir à Hora do Angelus, ao meio-dia, com o Papa Francisco. Estar lá naquele exato momento, ouvindo o Papa proferir suas reflexões em italiano, entender a maior parte delas e admirar a belíssima Basílica de São Pedro decorada com as esculturas de Bernini, debaixo do sol, com um imenso céu azul a nosso favor, pareceu-me mesmo uma visão celestial. Indescritível. E agradeci muito a Deus por aquele momento. E outra emoção profunda, comparável à experiência anterior, foi entrar na Basílica e contemplar a grandiosidade daquele templo. Pude ver de perto imensos arcos, colunas, imagens de Papas, santos, esculturas como a Pietà de Michelângelo e pinturas como a “Transfiguração” de Rafael que me deixaram, de fato, emocionada. Tive quase um susto quando vi diante de mim a imensa estátua de Santa Teresa D’Ávila, santa que venero muito, a mesma que ilustra a capa do meu exemplar “O Livro da Vida”. Ainda, de repente, eu me deparei com a capela onde estava o túmulo do meu Papa predileto, São João Paulo II, onde fiz minha oração silenciosa ao lado do Padre Carlinhos como ocorreu diante do túmulo de São Paulo. Bati muitas fotos da Basílica, comovi-me bastante, e saí de lá com a forte sensação que tudo o que acontecia na viagem era mesmo uma Graça Divina. E como a Graça de Deus não pode parar, o Padre Carlinhos ainda avistou o Padre Gedeão Maia, nosso ex-pároco, que atuava na Basílica Imaculado Coração de Maria no Méier, em meio aquele mar de visitantes. Saí correndo para alcançá-lo e chamei-o: “Padre Gedeão!!!!” Ele me olhou com grande surpresa e alegria e não hesitou em dar um abraço afetuoso em mim e em cada um que ele conhecia. O padre Gedeão também liderava um grupo de fiéis brasileiros e foi uma festa de fotos e entusiasmo.  

Não tenho mais palavras para expressar tantas experiências inesquecíveis. Senti em Roma e no Vaticano a celebração da beleza, do bom-gosto, da arte, do catolicismo e da História. Como eu poderia resistir a tudo isso? Só lamentei não termos visitado a Pinacoteca do Vaticano e a Capela Sistina; entretanto, por tudo que vivi naqueles poucos dias, a visita como um todo valeu demais. Gostaria de ficar escrevendo sem parar sobre as minhas experiências, pois Roma e o Vaticano foram muito marcantes para mim. Contudo, muitas aventuras ainda estariam por vir para complementar a rota da peregrinação à Itália, verdadeiramente, uma rota de esplendor.

 


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